Relato de parto: Liz e Nathalie Yuli

Primeiramente tenho muito a agradecer a Deus pela realização desse sonho: parto natural humanizado, com diagnóstico de infertilidade, beirando 39 anos.

Não tenho palavras para agradecer o carinho de tantas pessoas que participaram de toda a nossa história e o apoio da equipe: Kátia Barga, professora de yoga para gestantes e doula, Dra. Deborah Klimke obstetra humanizada, Dra. Mari Elisia neonatologista humanizada e Dra. Miriam fisioterapia (períneo).

Tudo começou em 11/06/2012 à noite com muito sangramento e algumas contrações, a médica pediu para ir ao São Luiz (com as malas) mas para falar a verdade eu ainda não estava pronta para este momento... sentia medo, achava que o bebê (até então não tinha certeza do sexo) viria próximo da data prevista (17/06)... a saída de casa foi um pouco tensa e por isso a Kátia nos encontrou na maternidade dizendo que eu quase causei um enfarto... ainda bem que o coração dela é forte pois as emoções estavam só para começar!!

Depois de um cardiotoco normal, o toque mostrava 1,5 de dilatação!!! Que ótima notícia! Neste momento percebemos como uma equipe humanizada faz a diferença porque eu poderia ter uma (desne)cesárea naquela noite...

Passei a terça e a quarta com pouquíssimas contrações leves e estava preocupada com o resultado do streptococo que deu positivo 3 vezes (mesmo fazendo 2 ciclos de  tratamento com alho "double x 24hours" para tentar negativar... mas este processo me deixava com um cheiro de tempero que invadia qualquer lugar que eu fosse...nem eu suportava!!) e me obrigaria a chegar no hospital com no mínimo 4 horas de antecedência para 2 doses de antibiótico. E ainda por cima uma possível lesão ativa de herpes (impeditivo total para o parto natural) o que nos fez parar com os exercícios de períneo e Epi-no (tínhamos chegado em 27cm).

Na quarta (13/06/2012) fiz aula de yoga (não perderia por nada!) e na volta para casa senti 1 contração. Por volta das 21h30 eu estava no banho e ouvi um "tumtum" na barriga... perguntei se o Yu (marido) tinha ouvido (é claro que não...) e como eu ia saber que a bolsa avisava? A minha sim...tinha estourado, ligamos para a obstetra e para a doula e quando deitei óbvio que a cama virou uma piscina porque a cabeça estava fazendo um "tampão" enquanto estava de pé.

22h começaram as contrações e eu tinha em mente que o trabalho de parto duraria no mínimo 12 horas. O Yu começou a cronometrar e me colocou no chuveiro com a bola de pilates, mas as contrações começaram fortes, longas e pouco espaçadas e eu pensando: mais 12 ou 24 horas??? Eu não vou conseguir, não vou aguentar !!!

A Kátia chegou !!! Que bom ouvir a voz dela...eu a abracei (acho que me pendurei nela) e pedi ajuda, tinha certeza que não ia conseguir... onde estava a minha fé? Mas eu estava na "partolândia" com a consciência totalmente alterada pela oxitocina (o Yu disse que eu virava os olhos, ainda bem que eu não xinguei ele, pois ele era o bravo guerreiro da noite!

Yu: Kátia, tira uma foto da gente no chuveiro? (ele todo molhado fazendo massagem na minha lombar)
Kátia: Não dá tempo!! Vamos sair!!!

Quando me tiraram do chuveiro eu disse "vamos assim mesmo" e saí andando (sem roupa?!?!) então me vestiram (um glorioso macacão que eu tinha separado para a ocasião)...mas depois viram que a roupa estava ao contrário! E eu nem percebi...Aliás eu tinha pedido para a Kátia não me deixar descabelada (até parece que lembrei disso na hora!).

Kátia: está com vontade de fazer força? Pois eu já estava com dilatação completa e iniciando o expulsivo!! Mas só a Kátia sabia disso...
Eu: Não ... eu pensei (e tinha esta parte? )

Quando chegamos na porta eu senti um "puxão" involuntário "para baixo" e senti um volume!!!

Eu: Kátia, senti a cabeça!!
Kátia: Pode ser só a sensação... mas ela sabia que não era...no elevador ela ligou e pediu para a doutora ir para a maternidade numa calma que o Yu pensou até que a médica não estaria lá...

Deitei no banco de trás no colo dela, no meio do caminho senti mais um "puxão" e senti a cabeça do meu bebê coroando e mais um puxão... ela pedia para eu soprar (eu nem sabia mais o que era soprar, pedi para ela soprar comigo), mas quando coloquei a mão, senti o volume do topo da cabeça e tentava "segurar e colocar para dentro"... Deus me ajuda, tá nascendo no carro!!! O Yu a 100km por hora na Av. dos Bandeirantes orando para dar tudo certo e segurando a minha mão...Depois vai ter que recorrer às multas!

Chegamos (de ré na contramão) !! O segurança trouxe uma cadeira de rodas (pensei: como vou sentar??) e a Kátia me levou para o OS. Quando vi a doutora, que felicidade!!! Ela me colocou na maca para fazer um toque, quando gritou: cabelo!!! corre!!!! E começou aquela correria...subimos para a labor delivery room (LDR) que tanto vimos em livros, equipada com banheira, estrelinhas no teto, etc...Linda!


A doutora disse: vamos para o banquinho (de cócoras) e eu disse: não vai dar!! Eram só 2 passos...o Yu lembrou de ligar para o pastor Mori fazer uma oração (eu tinha pedido isso durante toda a gestação) e quando sentei, a Nathalie Yuli escorregou de uma vez nos braços dela. Nossa sorte é que a doutora é goleira, pois senão a Yuli teria caído no chão!!



Eu estava muito assustada...não entendia nada, afinal foram 1h40 de trabalho de parto e quase ela nasce no box de casa!!

Detalhe: temos este momento tão maravilhoso registrado com poucas fotos (o Yu levou tripé para fotografar e filmar e ficou tudo na recepção, aliás ele subiu sem preencher nenhum documento ou autorização) todos na LDR sem paramentação, inclusive a doutora sem luvas !!!! Não deu tempo nem para isso!!!



E Graças a Deus a Yuli nasceu às 23h42 saudável, com os olhos arregalados, olhando todo mundo, chorando forte (Apgar 9/10) e não teve nenhum problema com o streptococo positivo (chegar 4 horas antes para fazer antibiótico?!?!), nem com a possível herpes e nem com icterícia (esta ela tinha grande tendência...).





A Dra. Deborah, a Kátia eu e a Yuli na LDR

Toda hora alguma enfermeira vinha buscá-la no quarto... e era porque todos estavam maravilhados com a nossa história abençoada e ela ainda era a maior bebê do berçário, todos queriam vê-la: 3,4 kgs e quase 50cm de altura.
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